sexta-feira, 23 de março de 2012

Temperos Paralâmicos

Este post não seria possível sem a contribuição de meu confrade Pacino. No final do post, certamente, irão entender o motivo.

Os Paralamas do Sucesso talvez sejam uma das poucas bandas brasileiras que conseguiram entrar no mercado Latino Americano de forma forte. Hoje, talvez, não com a mesma força da década de 1990. Até porque estavam com “Brasil Afora”. Mas poucos artistas nacionais tiveram tanta “entrada” em Buenos Aires, Santiago, Montevidéu e outras capitais mais próximas dos Andes quanto Herbert, Bi e Barone. Por acaso é que não foi.
Deixa-me contar a minha versão desta história. Entre e pegue uma taça de Carmenere ou Malbec. Os dos dois. Ou um copo de Patricia ou Pilsen. Ou tudo junto.




Parece-me que o mesmo acontece com bandas de lá para cá. Aqui no Sul é um pouco diferente... gostamos um pouco mais. Mas ainda sim, pouco intercâmbio. Uma pena. Fito, Charly... poucos fizeram algum “sucesso por aqui”. De vez em quando, algum resquício de Soda Stereo, Los Pericos, Dexler, Imigrantes e outros menos conhecidos. O que vem para cá acaba rolando no paralelo e no Lado B.  


Mas voltando aos Paralamas, eu comentava que nada é por acaso. Pois é.  Tenho 4 “discos” do grupo que foram gravados especialmente para nossos hermanos latino-americanos. Não sei se todos; pois tudo ainda é um pouco confuso no que tange a gravações em espanhol. Mas são 4 obras; que dizem muito. Devem ter outras coisas; Pacino já achou acústico entre Herbert, Charly e Fito (que deve ser insuperável), mas não sei se existem (oficialmente) algo além destes 4. Já escutamos que existe um tal de "Passo del Lui" (em K7), mas ainda não acreditamos. Mas acho que vamos investir para ver se confere.
A brincadeira começou numa loja em Buenos Aires (num post já publicado no blog). Achei um CD dos Paralamas, de nome homônimo à banda, com regravações em espanhol de músicas consagradas. Lá estão 10 faixas bacanas, a maioria em espanhol. De “Cinema Mudo” (1983), está a própria, mas cantada em Português. Do “Passo do Lui” (1984), estão “Mi Error” (Meu Erro) e “Gafas” (Òculos). Do simbólico “Selvagem” (1986) estão “Inundados” (Alagados) e “Canción Del Marinero” (Melô do Marinheiro). De “Bora-Bora” (1988) estão “Perplejo” (Perplexo) e “O Beco”, esta última em Português. Do “Big-Bang” (1989) está a histórica “Linterna de los Afiebrados” (Lanterna dos Afogados).  O disco ainda tem “Caleidoscópio” (em espanhol) do Arquivo I e Track-Track (em espanhol) dos “Os Grãos” (1991), música de Fito Paez.

O disco é interessante. Percebe-se um Herbert preocupado em cantar um espanhol corretamente, o que é importante. Algumas músicas foram regravadas, certamente, pelo cuidado em entrar no mercado latino. Apenas Melô do Marinheiro ficou meio “estranho”; mas faz parte. As demais mantêm a linha original, cantadas em espanhol.
Quanto eu achei que as coisas iriam parar por aqui, começo a perceber que o Rock latino foi mesmo levado a sério pelos caras. Vários CD´s tem músicas cantadas em espanhol; e isso foi começando a fazer sentido. E num aniversário meu qualquer, recebo de presente de meu confrade Pacino 2 CD´s, entregues em uma correspondência vinda de Buenos Aires. O que seria ?

Eram 2 CD´s: Nove Luas (1996) e Hey Na Na (1998); só que nas versões preparadas para o mercado latino. Com algumas músicas cantadas em espanhol. Espetacular.

Do “Nueve Lunas” – em espanhol – temos “Outra Belleza” (Outra Beleza); “La Bella Luna”; “Um Industrial” (Capitão de Indústria); “Semillas em los Huesos” (O Caroço da Cabeça); “Siempre Te Quise” (Sempre te Quis); “Incompletos” (Seja Você); e “Nuestra Casa” (Na Nossa Casa). Mas as citações ao Rock Latino não param por aí. Estão no CD “Lourinha Bombril”, clássico dos Los Pericos (Parate Y Mira) e “De Música Ligera”, clássico de Gustavo Ceratti e da sua Soda Stereo.

Já em “Hey Na Na” – em espanhol – temos “Despúes de Caer” (Depois da Queda o Coice); “El Amor no sabe esperar” (O Amor não sabe esperar); “Ella dice Adiós” (Ela disse Adeus); “Um dia em Provença” (Um dia em Provença) e “Santorini Blues”. A citação ao Rock Latino fica a cargo da maravilhosa “Viernes 3AM”, de Fito Paez, cantada em Português. Esta música na minha TOP 5 dos Paralamas. Letra e música excelentes.


Acha que acabou ? Ainda não. Um dia, desaviado entre as Americanas e a Multison, não é que o Pacino me acha o “Severino” (1994) em espanhol ??? Demais para agüentar. E eu ainda ganho de presente. Na Latino-America, o disco ganhou nome de “Dos Margartitas”, e contempla boa parte do pseudo-rejeitado “Severino”, com algumas obras de “Bora-Bora”, “Big-Bang” e “Os Grãos”, provavelmente as que sobraram da coletânea inicial.
Em “Dos Margaritas”, temos – em espanhol – a própria; “Coche Viejo” (Carro Velho); “El Vampiro bajo El sol” (com piano de Charly); “Go back” (regravação dos Titâs); “Casi um segundo” (Quase um Segundo, que foi gravada por Cazuza em “Burguesia”); Musico (Músico); “El Amor Duerme” (Todo Amor Dorme); “Sera diferente” (Esqueça o que te disseram). Além de outras em Português.



Das 3 idas a Santiago (Chile), sempre lembro de, ao perguntar sobre Paralamas, das vendedoras de discos ou amigos que já fiz por lá; remeterem a “Coche Viejo”. Antes eu não entendia. Agora já faz sentido.
O melhor é sabermos que temos estas – relativas – raridades. E Pacino estava em todas elas. Mesmo sem saber. Estava comigo em 2008 em Buenos Aires, na inesquecível “Viagem do Prata” (5 dias de carro entre POA-MONTEVIDEO-COLONIA-BUENOS AIRES e vice-versa); quando compramos, em meio a Calle Florida, o primeiro CD. Achei o disco (única cópia) entre vários Rock Latinos. Aliás, quando esta viagem irá receber um post ?? E os outros 3 discos ele mesmo fez questão de me presentear. Por isso este post jamais existiria sem amigos e confrades como ele.
E pensar que tudo isso nos fez conhecer um Rock que (AINDA) pouco apreciamos aqui no Brasil. Hoje temos algumas outras raridades que podem merecer outros posts. Quem sabe. Enquanto isso, vou escutando “Los Bunkers”, quando quero lembrar de Rock Básico; “Sumo”, quando quero descontração e psicodelia; ou “Andrés Calamaro” quando quero, apenas, escutar alguém cantando em espanhol. E com música boa e latina.

E segue a vida: “adónde vas ahora; alguien llama por tu nombre em La Estacion…” 
Saludos.
By Alberton

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